sexta-feira, 14 de junho de 2013

[Original - Em capítulos] Kinjirareta Asobi | Capítulo 8

Kinjirareta Asobi

Capítulo 8


Um dia, o inevitável aconteceu. Numa bela tarde de inverno, Emilie chegou cansada a casa de Camille. Ela sentou-se ao chão, encostou-se à cama, soltou a cabeça e ficou olhando para o teto. De cima da cama, Camille entrou em seu campo de visão. Elas ficaram se olhando por um tempo.

- Você fica linda com cara de cansada. – Disse Camille beijando Emilie. Seu longo cabelo caiu de lado e ficou pairando no ar, fazendo movimentos suaves.
- Você não devia fazer isso. Seus pais estão em casa.
- Acho que eu não ligo mais. Meu desejo de ter você é mais forte do que o medo dos meus pais. – Respondeu dando outro beijo.

Nesse momento, elas ouviram o barulho de algo caindo no chão e vidro quebrando. Viraram a cabeça rapidamente e viram a mãe de Camille, com a expressão de quem vira a coisa mais assustadora do mundo.
- O que você fez com a minha filha! – Berrou a mulher.
- Eu não fiz nada, foi ela quem me beijou. – Disse Emilie calmamente, ainda sentada.
- Não! A culpa é sua! Você levou a minha filhinha para esse caminho! – Continuou gritando a mãe, sem dar ouvido a Emilie.
- Já disse que não tenho nada a ver com isso. – Reafirmou Emilie.
- Que gritaria é essa?! – Perguntou o pai, aparecendo à porta.
- Querido, nossa filhinha foi ‘atacada’ por aquele ser! – Disse a mãe correndo para o marido, e apontado para Emilie.
- Mas Emilie não é amiga da nossa filha? E como assim, ‘atacada’?
- Ela agarrou a nossa filha e... – A mãe fez uma careta. – a beijou, na boca!
- O quê?! – Esbravejou o pai. – Como ousa?
- Calma aí! Ninguém me atacou! – Interrompeu Camille gritando. – eu beijei Emilie por que eu quis, por que eu gosto dela desse jeito.
- Queridinha, você deve estar brincando, não? Se for brincadeira, nós deixaremos passar...
- Não, pai. Não é brincadeira. Emilie é a minha namorada a quatro meses. E eu planejava contar isto a vocês.
- Quando?! Não! Eu não quero este tipo de coisa aqui dentro! – Virou-se para Emilie. – E a senhorita, faça o favor de sair desta casa e nunca mais aparecer!
- E saia de perto da minha filha! Sua lésbica nojenta!
- Lésbica, sim! Nojenta, não! Pelo menos eu amo as pessoas do jeito que elas são. – Disse Emilie. – Camille, qualquer coisa, sabe onde me encontrar. – Ao dizer isso, pegou suas coisas e saiu. Os pais de Camille não esperavam uma resposta daquelas.


Emilie não visitava mais Camille. E vice-versa. Mas não podiam evitar o fato de se encontrarem na escola. Era o único momento que tinham para ficar juntas. Ainda assim, tinham que disfarçar.

- Nossa! Eles falaram isso mesmo? – Perguntou Francis, um garoto oportunista que acabou se tornando o melhor amigo de Emilie e Camille. Era o único que sabia da verdadeira relação entre as duas. Fora ele que as juntou, inconscientemente. Estavam na sala de aula.
- E ainda fizeram o maior escândalo. – Respondeu Emilie comentando.
- Mas por causa disso, toda noite meu pai tem levado seus amigos com os filhos para ver se eu me interesso por algum deles. – Disse Camille, parecendo chateada.
- Se eu estivesse no seu lugar, eu já teria pirado! – Comentou Francis.
- Mas eu só estou agüentando, por que posso vê-la sempre aqui na escola. – Respondeu Camille, abraçando a amiga.
- Hora da prova, pessoal! – Anunciou o professor.
- Quando terminar, te espero “naquele” lugar. – Sussurrou Camille ao pé do ouvido de Emilie, e foi para seu lugar.

Emilie concluiu a avaliação primeiro. Foi esperar Camille na escada do pátio, apesar de não ser o lugar marcado. Da escada dava pra ver, ao longe, uma porta: a porta do banheiro feminino. A escada já estava cheio de alunos discutindo a prova, quando ela viu uma cabeleira ondulada entrar frenética pela porta. Emilie, disfarçadamente, saiu daquele grupo que conversava animadamente e seguiu até aquela porta. O banheiro estava vazio, exceto por um par de pés num reservado. Emilie já sabia quem era, mas fez um teste:

- Ah! Como Camille está demorando, e a prova nem estava difícil! – Disse a si mesma lavando as mãos.
- E você acha que eu demoraria tanto numa prova como aquela? – Exclamou uma voz vinda do reservado.
- Eu sabia que era você, Camille. – disse sorrindo, e sem perder tempo, foi beijar a moça.
- É uma pena que só podemos fazer isso aqui. Sinto falta das tardes que passávamos abraçadas. – Disse Camille, e retribuiu o beijo.
- Eu também. – Falou Emilie, fechando a porta do reservado.

Como era um lugar pequeno, elas ficavam com os corpos colados. Mas esta era a intenção. Para ficar mais confortável, Emilie sentara sobre a tampa do vaso sanitário. E Camille sentou em seu colo, virada para frente, colocando Emilie entre as pernas. Beijaram-se por um longo tempo, trocaram carícias. Aquilo estava bom, mas precisavam se preocupar com a hora. No meio tempo que estavam lá, uma garota entrou no banheiro, bem na hora em que Emilie soltara um gemido.

- Quem está aí? – Perguntou a garota em tom de brincadeira. Como Camille e Emilie já estavam acostumadas com este tipo de interrupção, não se espantaram. Ouviu-se o som de água corrente.
- É Emilie. – Respondeu, pois eram seus pés que estavam aparecendo.
- Você sumiu da escada de repente, o que aconteceu?
- Fiquei com uma dor de barriga... – Ao dizer isso, soltou um gemido, e o motivo deste, era que Camille estava beijando e mordendo carinhosamente sua orelha.
- Hm é, isso é muito chato. Ah! Quando vir Camille, avisa que a professora de história quer falar com ela.
- Desculpa a pergunta, mas qual é o assunto? – Perguntou a pedido de Camille.
- Não sei, talvez seja sobre a formatura. Já terminei de lavar meus óculos, até mais. – Despediu-se a jovem. Ao ouvir o barulho de passos e porta fechando.
- Ouviu, a professora quer falar com você. – Disse Emilie a Camille.
- Está bem... – Falou desanimada, pois ela pensara que ficaria assim por mais tempo. Ganhou um longo beijo, saíram disfarçadamente do banheiro.


Solitária em seu apartamento, Emilie via televisão quando o telefone tocou:
- Alô?
- Olá! Como vai? – disse uma voz masculina.
- Pai! Que bom falar com você, tem acontecido tenta coisa!
- Que tipo de coisa? – Perguntou o pai, preocupado. Emilie contou a ele tudo que aconteceu. – Não fique assim, acho que posso dar um jeito nessa situação.
- Pode?
- Prepare-se, por que vamos ter um jantar entre famílias. É só fazer umas ligações e arranja-se tudo
- Isso significa que o Renoir vem?
- Também!
- Ai que bom! Estou morrendo de saudades dele!
- Hehe. Bom, preciso desligar, outro dia ligo, para passar mais informações. Beijos, até mais.
- Então ta, beijos. Até mais.


Capítulo 8 - Fim

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